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sábado, 19 de junho de 2010

Revolta, saudade e Pão-de-ló - 31 de Julho de 2008


Há muito tempo que não me dava para fazer ironia com o que acontece.

As pessoas achavam que eu sou forte.

Uma das minhas melhores amigas dizia-me que estava com imenso orgulho de mim.

Pois, mas agora estou a começar a bater no fundo.

Não gosto de um discurso miserabilista. Mas é como me sinto.

Para quem me tem lido deve lembrar-se de eu ter pedido uma receita ao médico que atendeu o Jorge e que se recusou a fazê-lo. Tinha ainda dois ansiolíticos na mala que tenho poupado para o extremamente necessário. Mas hoje tenho mesmo de tomar.

Só tenho vontade de chorar; tenho saudades de casa, do meu cantinho. Do Verão dos Açores; enfim, de tudo o que era a minha vida.

Tento sempre tirar lições de tudo o que acontece e atribuir sentido.

Por exemplo, a nossa casa está à venda porque é pequena (para nós, porque nem é tão pequena assim, mas eu e o Jorge somos dois leitores ávidos e temos mais de 4 000 volumes que é preciso ter onde guardar). Mas ultimamente, quem me dera a para mim pequena casinha!!!

E o meu emprego que, como todos, tem problemas mas que eu adoro pelo contacto com os estudantes, principalmente e também adoro ensinar. Mais um curso acabou há semana. E as saudades que eu tenho da minha escola, de tudo!

Ah saudade!

Pelo incómodo em que estou andam as minhas articulações todas a doer.

O bom hoje, foram 3 colegas da minha escola que telefonaram. Fico com muitas saudades mas gosto tanto de falar com elas e ter notícias.

Sei que no caso destas doenças graves, doentes e famílias passam por várias fases, muitíssimo bem descritas por Elizabeth Kubler-Ross, uma clássica nestes assuntos. A revolta é uma delas. Acho que estou um bocado nesta fase. E dá-me para comer… acho que é o único prazer que ainda me resta. Mesmo que o Jorge me diga “Estás a ficar com o rabo mais gordo”. Ó raiva! Obrigada marido pelo reparo. Comi um pedaço de uma fatia de pão-de-ló de Arouca; é húmido e uma delícia. Que se lixe o rabo mais gordo… por enquanto!

Felizmente à noite tive de ir ao supermercado e enquanto uma funcionária ía buscar algo, fiquei a falar com outra. Tão querida esta miúda, que pensei “dava uma excelente enfermeira”. Minutos depois ela estava a dizer-me que quer concorrer a enfermagem.

Com isto tudo ainda viro vidente…

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