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sábado, 19 de junho de 2010

Nunca digas desta água não beberei - 5 de Outubro de 2008

Meus queridos amigos e amigas,

Antes de mais deixem-me dizer-lhes que tenho muitas saudades de vir aqui. Espero que agora já o consiga fazer.

Depois, tenho muitas saudades do Porto em geral e da Belém em particular. Também da D. Olinda e do lar.

Chegámos a casa e eu já nem sabia como eram certas coisas. Primeiro tentei ambientar-me ao mesmo tempo que colocava tudo na maior ordem possível e depois tive a minha tese para rever e preparar para enviar no tempo recorde de uma semana. Está entregue. Ufa!

Comecei então a trabalhar e, claro, aí o tempo muda mesmo.

Mas o título desta Saga (recordo que ela gira em torno da experiência com a saúde do Jorge) de hoje tem a ver com a consulta que o meu marido foi aqui na 4ª feira.

Marcada para as 10h30m, fomos atendidos às 12h10m. Na sala de espera do Hospital de Dia de Oncologia – ainda é lá que ele está – estava bastante calor e como o Diogo teve gripe e o Jorge passou a andar de máscara mesmo em casa, não me senti nada confortável pois se há lugar com micróbios é o hospital, qualquer hospital. Por outro lado, as pessoas aparentam fácies que não sei bem se é depressivo pela doença (o que eu via no Porto era diferente, mais determinação, menos depressão) ou simplesmente cansaço por esperar tanto tempo.

Avante, quando o Jorge foi chamado reparámos que ía ser atendido pela chefe. Gostei da consulta. Tive de dizer o que se passou, graças a Deus que sou enfermeira, pois o relatório ainda não chegara do Porto. Se eu não fosse profissional de saúde devia ser giro, pois as pessoas geralmente não retêm toda aquela informação de valores analíticos, tratamentos, intercorrências, etc.

Os valores do Jorge continuam a subir para os normais, estando as plaquetas a 140.

Mesmo com o Diogo a tossir e a espirrar e com febre o Jorge aguentou-se muito bem, graças a Deus.

Enquanto estava na consulta, olhei para a médica e pensei “Nunca digas desta água não beberei”. Outra grande lição na minha vida.

Eu explico. Em 1989 eu tive suspeita de ter a doença que o Jorge tem. Felizmente não era porque na altura, ou se fazia transplante de medula ou se morria. Foi um grande avanço descobrir-se que a doença é geralmente auto-imune e responde ao tratamento que o Jorge faz. Bem, nessa altura o meu médico era um hematologista que já cá não está e eu só o queria a ele. Mas a Dra. Ana Luísa por mais de uma vez nesta situação do Jorge demonstrou o seu profissionalismo e competência. A vida dá muitas voltas e estamos em boas mãos com a Dra. Ana Luísa e o IPO no Porto, se bem que tenho a registar que o relatório do Jorge já devia estar cá. Mas também tenho de pensar que se calhar há prioridades de vida ou de morte e dar-me por feliz.

Sobre isso tive notícia de que a minha amiga do IPO vai fazer transplante de medula óssea. Finalmente encontraram dador. Gosto imenso dela e fiquei muito feliz. Ela tem 29 anos e tantos projectos. Este transplante vem na hora certa. Deus é Pai!

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