Mantém-se calmo. Diminuição acentuada de potássio e de tensão arterial que foi rapidamente ultrapassável. Foi administrado potássio no soro.
Depois sentou-se o mais confortavelmente possível no cadeirão.
Só pode fazer a barba com máquina; lâminas nem pensar.
Comeu bem, até puré de batata de que não gosta mesmo nada.
Está um pouco rouco mas parece nada ter a ver com o tratamento. Nem com possível infecção. Não tem dor de garganta.
Fez a 1ª transfusão de plaquetas e a 2ª transfusão de sangue.
No mesmo quarto, do seu lado direito tem um senhor já idoso que se vê que sofre muito. Bem como a esposa. Ele, por vezes, não se se com dor ou desespero, dá socos na cama. A esposa tem um ar de sofrimento muito grande. À hora do almoço falei um pouco com ela. O marido tem um linfoma.
É estranho, reparo eu. O Jorge é o único doente com cabelo naquele serviço.
As enfermeiras de ontem e hoje são de uma humanidade e de uma competência a toda a prova. O Jorge tem monitorização contínua de sinais vitais e de 15 em 15 minutos, sem falta, estão lá a verificar e a registar. Têm sempre uma palavra de conforto, com alegria para todos. Começo a ter vontade de me fardar e estar aqui a prestar cuidados – devo estar a delirar. Eu que tinha horror de doença oncológica, estou no meio de uma das que mais impressão me dava e tenho vontade de prestar cuidados a estes doentes e às suas famílias.
As voltas que a vida dá.
Encontrei uma churrasqueira que tem canja e tripas ao Domingo. Almocei lá com o Diogo. É muito em conta e tem take-away. Penso que vou ficar cliente porque sair daqui às 9 para ainda ir fazer jantar é um tanto ou quanto…
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