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segunda-feira, 21 de junho de 2010

Recaída


Na consulta de Janeiro deste ano a ciclorposrina foi suspensa. Os valores estavam todos dentro do normal.
Em Março fomos a Cabo Verde.
Na consulta de Maio, estando os leucócitos a 4.8, a Hemoglobina a 12.8 e as Plaquetas a 97. Senti medo! E ele também. O médico disse que poderia ser algo transitório. Tinha consulta marcada para Ponta Delgada a 18 de Junho, o dia que foi internado aqui (!!!) – tinham marcado a consulta com 6 meses de intervalo.
Por tudo, acreditávamos que não voltaria a acontecer. A minha faceta profissional não prevaleceu mas sim a pessoal…
Decidi que não íamos esperar 5 semanas.
Ainda fomos para os Açores – todos os voos nas semanas seguintes foram afectados com a nuvem de cinzas vulcânicas. Na semana a seguir as plaquetas estavam a 67. Telefonei ao médico parta aqui, o Porto. Ele disse para esperar duas semanas e voltar a repetir as análises.
Fui eu e a Dra. Maria da Luz Machado no seu consultório. Foi comunicado à médica do Jorge em Ponta Delgada mas ela não o mandou ir ao hospital.
Nessas duas semanas tentei saber o mais possível sobre recaídas, opções de tratamento, assisti a uma conferência online sobre as opções de tratamento de AA, respondendo-me o conferencista às 3 perguntas que fiz. Isto na AA & MDS International Foundation.
Há uma tendência crescente para manter a ciclosporina mais tempo para evitar estas recaídas que acontecem em 1/3 dos casos. E foi-me dito que o tratamento com ATG pode ser feito as vezes necessárias que a pessoa suportar. Que “recaída” significa que a pessoa necessita de mais tratamento. Pesquisei os artigos mais recentes, comprando mesmo um. E comecei a verificar que há indicação de, no caso de uma recaída, se proceder a medulograma e biopsia de osso.
Fui ficando mais calma e confiante.
Passadas as duas semanas voltámos a fazer análises e os resultados indicaram uma ligeira diminuição de leucócitos e de hemoglobina e as Plaquetas a 57. Falando com o médico do Jorge pelo telefone, era uma quinta-feira, ele disse que queria repetir medulograma e biopsia de osso, na próxima terça-feira, aqui no Porto.
Foi sempre a “abrir”. Uma enfermeira amiga falou com a médica dele que procedeu a toda a burocracia da transferência.
Quando cá chegámos, repetiu os exames. Mais uma vez, sem dor para ele, tal é a habilidade do médico e, possivelmente, a minha presença. Noto que o médico fala mais comigo. Bem, fui eu e a Dra. Maria da Luz Machado que o seguimos, não os seus colegas de hematologia…
Reiniciou imediatamente a ciclosporina (300 mg/dia)
Mas estávamos muito confiantes que íamos regressar a casa no dia a seguir à consulta que revelaria os resultados, marcada para 15.
Mas não. Os valores não desceram, possivelmente por causa da ciclosporina. Mas não subiram. E, o medulograma revelou aplasia medular maciça. Há que dar Graças a Deus de não ter revelado mais nada. Raramente, mas pode ocorrer evolução para outra doença clonal, como SMD ou LMA.
O médico disse que o internamento estava marcado para 18.
Não me atrevi a olhar para o Jorge nem ele para mim. Acho que até chegarmos a casa não conseguimos olhar um para o outro. O Jorge ainda perguntou se a cilosporina não podia, por si só resolver a situação. O médico explicou que não porque não era suficiente e depois podia haver um descontrole complicado de controlar.
Contra factos não há argumentos.
Ressalvo o apoio dos colegas e amigos, em todos os aspectos. Viver no meio do Atlântico é muito complicado. É deixar tudo atrás, resolver tudo em poucos dias, desde quem faz o quê, o Diogo vir ter comigo, o que trazer, etc, etc, etc.
Começou uma nova saga.

*** A foto é da chegada ao IPO para internamento

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