Nós

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sábado, 19 de junho de 2010

Caindo do Berço - 9 de Agosto de 2008

O título da minha escrita de hoje a que se deve?

Não, não caí da cama. Apesar de nos primeiros dias pensar que isso me ía acontecer pois nunca dormi numa cama de pessoa só…

É que estou inquietinha para ir a Guimarães, a cidade berço. Diz o meu filho Diogo que o centro é muito bonito, que eu devo gostar. Como não conheço nada aqui do Norte (agora já vou conhecendo esta cidade que adoro e que é o Porto), estou à espera de uma oportunidade para ir até lá. O Jorge não tomou ontem o comprimido para dormir, o qual, pelo jeito não faz com que durma mas faz com que acorde espapaçado. Assim, hoje encontrei-o sentado na sala com mais energia. Pedi logo para irmos dar um passeio. Até podia ser Guimarães. Anuiu.

Fui então tratar do almoço. Umas favinhas com presunto e ovos, era a ideia. Mas não tinha cebolas – isto de eu não ter cebolas já começa a ser mania. Então propus que acabássemos com a canja de galinha caseira que estava no frigorífico. Assim foi.

Depois do almoço o Jorge foi repousar um pouco. Dei-lhe a garrafa de litro e meio de água para ter consigo. Ele tem de beber água. Bastante, para ajudar a eliminar a ciclosporina cuja acumulação no organismo tem efeitos bastantes indesejados. E como o meu marido respondeu à médica na última consulta quando esta lhe perguntou se a urina dele estava da cor de vinho de Porto, ele disse que era mais da cor de vinho rose. Como nos últimos dois dias o tenho posto a beber água (ainda não peguei no funil mas vou lembrando), a urina está mais clara. Não sei se já repararam as últimas duas sagas têm sido preenchidas de eliminação vesical (= urina).

Bem, depois de alguns minutos de descanso vem o Jorge e diz que está cansado. Se eu não me importasse, talvez vamos amanhã de manhã e almoçamos por lá (ele sabe o efeito que a ideia de almoçar – ou jantar - fora me provoca). Como já me vou habituando às suas alterações bruscas de estado anímico, nada há mais a fazer se não aceitar que hoje caí do berço e a cidade onde nasceu este lindo país à beira mar plantado ficará para visitar talvez amanhã (e digo talvez porque estou aqui com uma grande soneira, inquieta para ir dormir o que me levará a uma troca de sonos, fazendo com que amanhã me levante tardíssimo e já não vamos por ser tarde).

O jeito é ficar por aqui e trabalhar na tradução que me está a dar bastante gozo enquanto deito um olho para a TVI onde o meu marido vê e ri com “John English”. Sinceramente, nunca achei muita graça ao Mr. Bean até ver um episódio de Natal (gosto de tudo o que é Natal!) em que ele fica com a cabeça enfiada no peru. Passei a gostar e tenho visto os filmes dele e com o mesmo actor, um dos quais fez com que eu nunca mais me admire com nada neste mundo. Eu explico. Costumava dizer “Só me admiro quando vir uma vaca voar!”. Pois nesse filme do qual não me ocorre agora o nome, há uma vaca que voa. Mais tarde reparei que num dos meus filmes preferidos, “O Feiticeiro de Oz”, há também uma vaca que voa. Mas, dizia eu, ficar por aqui a olhar para este filme não está com nada. À laia de James Bond há umas cenas assim em que este autor tenta ser sedutor. Por favor, ver Atkinson (isto é, Mr Bean) nesta postura é assim como ver o meu avô ou o meu pai (e aqui não há qualquer complexo de Édipo - que seria mais de Electra), isto é, é impossível achar sedutor muito menos erótico. E nem cómico. Não liga, simplesmente!

O meu filho Sandro e a sua família já chegaram a casa, regressados da Praia da Vitória e chegou lá ontem o mais novo com a namorada e amigos. Fico muito feliz por eles. Bem que merecem divertir-se. Mas fica-me aquele pensamento obsessivo “Quem me dera estar lá; era para estar lá” e o “lá” não acaba nem é uma nota de música. Hoje o Diogo e amigos vão visitar a minha querida amiga Almerinda com quem não tenho falado estes dias para não desatar a chorar. É daquelas amigas que nos dão colo e ombro e choramos, choramos, ou rimos, rimos. Amiga para a vida. O Diogo e os amigos planeiam ir ao snack-bar americano (vulgo 31 devido ao Baskin’ Robbins – mas como já sou velhinha, conheço o snack-bar muito antes do Baskin’ Robbins estar lá e, se bem que estes gelados nada tenham a ver, em dimensões e em sabor com os que se vendem em Portugal, para mim é sempre o snack-bar e mais nada).

Vou-me contando com o dito cujo pudim de coco. Não valeu a pena, o trabalho nem a despesa! Como não tenho balança, procurei na Internet e encontrei a equivalência de colheres de sopa para gramas. Como o site é brasileiro deduzo que as colheres de sopa no Brasil são mais pequenas do que em Portugal, pois o pudim levou açúcar e coco a mais. Está mais embolado do que empudinado.

Luto aqui com as cabeçadas de sono e a vontade de ir dar um passeio. Posso parecer egoísta e o meu querido Jorge que me perdoe, se calhar tenho de pensar em dar umas voltinhas por algumas igrejas e museus, lugares que ele não aprecia enquanto ele descansa em casa. É que a minha mente anda com vontade de voar. E um nó teima em apertar-me a garganta.

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