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sábado, 19 de junho de 2010

Consulta de 13 de Janeiro de 2009

O dia de consulta começou, como sempre, com análises.

Fomos mais cedo para vermos a Paula, a nossa amiga que fez transplante de medula óssea.

Foi a primeira vez que estivemos no serviço de transplantes de medula óssea e vimos crianças (impressionante) mas também pessoas mais velhas que o Jorge (possivelmente têm irmãos).

Tive que me aguentar para não chorar. Pelas crianças, pelas pessoas que já passaram tanto mas têm ali uma grande esperança de cura e pela Paula. Ela está animada e fartámo-nos de rir as duas (sim, consegui engolir as lágrimas. Tinha de o fazer por ela e pelo Jorge). Enquanto ríamos as pessoas olhavam para nós e sorriam. Devem ter pensado, com a cabeleira do Jorge e os risos da Paula que a cura é possível. E a ideia de dar esperança às outras pessoas é maravilhosa.

A consulta do Jorge foi às 14h30m.

Lugar para estacionar no IPO está cada vez mais difícil. Espero que seja de profissionais e não de utentes.

Então o Jorge saíu e eu fiquei a estacionar. Aí ele ligou a dizer que já entrara e eu fartei-me de correr. Por isto ou por tudo junto levantou-se-me cá uma dor de cabeça, enxaqueca que aterrei na cama o resto do dia.

Quanto à consulta do Jorge o médico dele começou por dizer que "o sangue está muito bom". Quando perguntei os valores verifiquei que estão como há 2 meses: Hb 12.5; Leucócitos - 3.5; Plaquetas - 135. Comentei que possivelmente estes serão os valores de referência a partir de agora e o médico concordou. Achou por bem não começar já a fazer o desmame da ciclosporina, o que me deixou bem feliz e segura de que o médico sabe o que está a fazer. Porque do que tenho lido em termos internacionais, a tendência é para atrasar este processo.

Claro que o Jorge ficou desiludido. Ele está a aprender a aceitar uma doença crónica, a passar pelas fases de aceitação.

Mas perguntou ao médico se seria bom fazer um anti-depressivo. Ele prescreveu-lhe Triptizol. É que o Jorge tem andado mesmo deprimido. Faz parte do processo de adaptação mas não será talvez necessário sofrer tanto... e fazer sofrer quem o cerca. Quem conheceu o meu marido tão saudável fica impressionado. Mas é a vida e há que dar graças a Deus por médicos bons, pelo IPO que o soube agarrar e tratar e pelos avanços da medicina. O IPO do Porto foi, na investigação publicada na Revista Sábado e levada a cabo por investigadores de renome portugueses, o melhor hospital para doenças hematológicas, em Portugal. E é o melhor 4º da Europa

O Jorge ficou muito desiludido por não começar a fazer desmame. Tive que lhe explicar a importância e pensei para mim que mesmo em termos de ele aceitar a sua doença é importante. O Jorge sempre pensou que era uma situação passageira. Não é. Como todos nós que temos doenças crónicas, ele terá de se adaptar. Recordo-lhe que ele tem muito para se dar por feliz por reagir bem à medicação, por estar controlado. E engulo a minha opinião de como seria maravilhoso se ele pudesse fazer transplante de medula óssea. Recordo que na idade dele seria a primeira opção se ele tivesse irmãos compatíveis. Mas ele nem irmãos tem. Assim, é a última opção porque os riscos de um dador que não um irmão são muito grandes...

Agora uma parte lúdica (ou nem tanto). Viemos 5 pessoas (eu, o Jorge, o Diogo, a Verónica e a minha mãe) e 8 malas (inclui roupas de Verão e de Inverno uma vez que vamos, excepto a minha mãe, a 20 para Salvador). Só que a Budget não tem carrinhas grandes e estamos a ver-nos gregos para ir para Lisboa hoje, todos e tudo naquele carro. Porque eu e a minha mãe metemos na cabeça que vamos todos juntos e não dois em comboio como o Jorge sugeriu.

Só peço a Deus para não ter enxaqueca hoje. Ontem até me parecia que ía ficar com gripe...
É mais uma aventura e um capítulo da nossa saga que partilho.

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