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sábado, 19 de junho de 2010

113 Plaquetas - 20 de Agosto de 2008

Li até muito tarde o guia turístico do Minho que comprei ontem. Bem, levarei muito tempo a ver tudo, mas como sonhar ainda é gratuito e livre…

Tivemos de nos levantar às 7 horas para tomar o pequeno-almoço e chegar ao IPO pelas 9 horas para as análises semanais.

Foi o Jorge que trouxe o carro. Bem, agora que voltou a conduzir, não apanho mais o volante…

Mas eu também estava cansada de dormir pouco.

Depois das análises viemos a casa arrumar as coisas, almoçar depois então a consulta que estava marcada para as 12h25m. Hoje pouco demorou. Ainda não foi o médico dele mas gostei muito da médica que aliás já o tinha consultado uma vez. Ela estava muito sorridente devido aos valores. Plaquetas: 113 (recordo que em Janeiro eram 75); Neutrófilos: 1810; Hemoglobina: 9.7 (há 1 semana era 9.1, o que significa que aumentou espontaneamente sem qualquer transfusão). Ou seja, a medula óssea está a produzir as suas próprias células! Ontem, apesar de ter dores ele estava menos cansado. Ora bem, estou certa de que este passeio no Minho e ele ter andado a pé no meio de ar puro ajudou. Como li há dias (infelizmente nenhum médico nos explica isto em Portugal), o exercício físico moderado estimula a produção de eritropoitina. E perante tanto cansaço dele com valores que até estavam a subir eu incentivei que o melhor era mexer-se mais. Não duvido que ajudou. Claro que o tratamento também é essencial, mas aqui vimos uma mudança numa semana muito significativa e, mesmo mexendo-se mais, ele sentiu-se menos cansado. Graças a Deus! Só posso agradecer muito e muito a Nosso Pai do Céu e a Jesus Seu Filho e a Sua Mãe, nossa Mãe do Céu também.

Após a consulta eu estava muito cansada mas fui ver a Paula que está no Piso 5 a fazer o último ciclo de quimioterapia. Tinha saudades dela e quero que ela saiba que nunca mas nunca a esqueço. Achei-a com muito melhor aspecto do que em Junho quando foi internada no mesmo dia do Jorge. Também estava lá o senhor Rui que teria alta hoje e pude cumprimentá-lo e à sua esposa. O Zé Manel é que estava em isolamento e a Cristina ainda não tinha chegado.

De regresso a casa o Jorge perguntou-me se eu queria ir à Lello. Sim, claro! (Mesmo cansada, se ele tem vontade, vamos lá mexer essas pernas). O nosso GPS tem qualquer coisa contra a Lello. Nunca atinou até que o Jorge parou num parque de estacionamento e voilá!estávamos em frente. É linda! Mesmo linda. Ao sair vi que já passáramos lá várias vezes e que fica abaixo da pastelaria onde há dias comprei a Fatia de Resende, o que significa que lhe passei à porta (Ó ignorância!). Foi então a minha vez de propor que fossemos festejar ao Majestic. Como tinha deixado o Guia do Porto em casa não me conseguia lembrar da morada. Valeu-me a minha amiga Belém a quem telefonei. Estacionámos no parque do shopping Via Catarina, cuja parte de restauração acho linda e fomos a pé. Nunca tinha estado na rua de Santa Catarina e também gostei muito.

Ao descer a rua vi pessoas a pedir esmola, outras a tocar música e a pedir, enfim, o que já é habitual neste tipo de ruas nas grandes cidades. Agora o que me chocou mesmo foi ver um cão deitadinho com um cartaz que dizia algo como tendo sido abandonado e precisava de comida e vacinas. Por favor!!! Não foi o animal que escreveu isso. Mais, ele estava deitado de lado e não estava a dormir. Tenho quase a certeza de que estava drogado para estar naquela situação. Onde andam os protectores de animais? É uma completa revolta! Quem estará por detrás daquele pobre cão e, quando não for aquele é outro?

Continuando a descer encontrámos o Majestic não sem antes eu deitar o olho a duas pastelarias que ficam uma a seguir à outra no lado oposto (uma tem Papos de Anjos, que eu adoro!). Mas hoje era para festejar num ex libris da cidade! Sentámo-nos cá fora na esplanada. Tão agradável! Se soubesse que era assim levava o livro que estou a ler e ficava ali mais um pouco. Diz-me o Jorge “Lembras-te daquele café em Veneza com colheres de prata?” Sim claro que sim! Há uma foto do Jorge no Hi5 que foi tirada quando ele pagou uma conta calada… “Bem – diz-me ele – um café aqui são 2 euros”. “Jorge – retorqui – estás no Majestic!” Ele pediu um café e um pastel de nata e eu um sumo de abacaxi. Valeu a pena. Porque é mesmo abacaxi. E porque não sei se a colher é de prata – ele diz que não ou com o "clima" da rua já estariam todas "arrumadas" – mas a fiança é bonita e elegante. E o requinte dos empregados... Além de que o edifício é lindo por dentro e por fora.

Mais abaixo vi a FNAC – livros (!!!) aqui vou eu!

Queria um guia de Feiras e Romarias mas o que existia é publicado pela CP e serve essencialmente as zonas onde há caminhos-de-ferro. Além de que (e principalmente isto), fazendo a extravagância no Majestic, achei melhor guardar os quase 14 euros. Sempre ajuda para outra escapadinha… (Sim, filhos, sou eu, o Jorge fez-me assim! Já não compro tudo o que me dá na real gana; penso muitas vezes e vejo se há desejos e necessidades maiores e mais importantes a seres preenchidos).

Para jantar no sentido de comemorarmos o Jorge quis pão alentejano (que se vende nos Hipermercados continente – se alguém souber de mais algum lugar no Porto que venda, a gente agradece a informação) e queijinhos de Azeitão (as pessoas nunca imaginam de que sentirão desconsolo um dia…). Eu como passo bem sem este repasto optei por um BigMac com Coca-Cola que ficou quase toda e, ah sim! O Sundae com chocolate e amêndoas crocantes.

Estávamos a comer quando abro a televisão e vem a horrorosa notícia da tragédia de avião em Barajas. Já nada me soube a nada e depois de me ter tentado controlar tive mesmo de tomar um Metamidol. Diz-me o Jorge “morrem milhares de pessoas nas estradas todos os dias em todo o mundo e ficas assim com um avião”. Visto deste ponto de vista pode não ser racional, ele tem razão, mas já estive vezes demais a viver tragédias de acidentes de avião vendo pessoas conhecidas sofrerem por perderem entes queridos ou por terem ido resgatar corpos. Já apanhei um susto enorme, já pensei que perdera num acidente de avião uma pessoa muito querida que não estava naquele avião mas noutro e eu própria tive a sorte de ter uma reunião adiada ou estaria no ATP que caiu no Pico da Esperança nos Açores em 1999. É superior a mim. Que Deus ajude os familiares na sua dor de perda, ajude os sobreviventes a aguentarem e proteja todas as pessoas que se deslocam de carro, de avião ou seja como for.

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