Nós

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quinta-feira, 17 de junho de 2010

4º dia de Tratamento com soro anti-timócito – 17 de Junho de 2008




O Jorge continua a reagir bem a tratamento. Não sei valores. Isso é com os profissionais. Saber neste momento não me levaria a nada a, não ser, eventualmente, a mais angústia, a mais stress que é o que menos necessito.
Ele está no melhor sítio que podia ou devia estar. Só posso colaborar com a minha melhor disposição. Que no exterior consigo mostrar – estou a aprender bem. Mas no interior não.
Ontem quando saí daqui fui ao NorteShopping, às compras e fiz jantar para mim e o Diogo. Depois do que tive de pagar pelo carro… Fui à rent-a-car e trezentos euros, mais IVA. O senhor depois de ver a minha aflição fez por 250 mais IVA, o que deu 320. Sem comer nem beber nada. Ao menos se tivesse ido comer uma lagosta (mais que uma, quer dizer!)
Já não estava nada bem, piorou pois saí para ir comprar umas bolachinhas ao Jorge – tem que ser tudo individual e ele tem imenso apetite por causa da cortisona. Não encontrei em lado nenhum mas havia uma máquina daquelas que têm certos pacotes de comida, ao lado do elevador e fui lá comprar. Estava com tanta ânsia para levar o que comprara que me esqueci de dizer ao porteiro que ía subir. O homem destratou-me, tratou-me mesmo mal, desabrida e altivamente à frente de todas as pessoas que ali estavam. Sentei-me num banco cá em baixo e desatei a chorar. Não podia subir cheia de lágrimas. O Diogo que assistira a tudo, quando me viu chorar passou-se. Foi ter com o homem e fiquei aterrorizada porque pensei que chegasse a vias de facto tal era a zanga dele. Mas afinal portou-se como um homem. Disse que ele tinha razão mas que a perdeu do modo como falou comigo. Perguntou se eu podia subir. Ele disse que eu só subia quando ele quisesse. Senti-me torturada. Todos os outros seguranças deste bloco são muito simpáticos e afáveis. Tinha de dar de caras com isto. O Diogo perguntou se podia subir. Ele disse que sim. O meu filho subiu, foi ter com uma enfermeira e contou o que acontecera. Ela telefonou para baixo e disse a ele que era para eu subir JÁ.
Cheguei lá acima inchadíssima de chorar. A enfermeira foi uma querida comigo; ouviu-me e acalmou-me. Não podia ir ter com o Jorge assim. Mas mesmo passado um bocado ele estranhou – viu que eu tinha chorado e estranhou a demora, pois estou com ele das 11 às 9. Perguntou-me se havia algo errado com ele. Bolas! Tive de lhe contar o que acontecera. Ele não podia pensar que era outra coisa.

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