Nós

Nós

sábado, 19 de junho de 2010

Guimarães!...


O Jorge acordou-me cedo “Vamos lá preparar para irmos a Guimarães.”

O dia estava maravilhoso e logo compreendi que tinha de usar bastante protector solar.

Duches tomados e casa arrumada estávamos prontos. O Jorge reparou que não necessitaríamos de GPS pois encontraria o centro da cidade.

A viagem foi rápida . Dirigimo-nos primeiros ao Paço dos Duques de Bragança que eu nem sabia que existia. Antes de viajar gosto de estudar itinerários e o que vou ver, o que não fiz hoje.

Depois foi a vez do Castelo de Guimarães que desde que estudei história de Portugal estava no meu imaginário. Imaginava que seria tipo museu. Como o Jorge se cansa bastante a andar, ficou sentado na entrada do Castelo, à sombra e eu fui explorar. Quando dei por mim nas ameias, perto da ponte de madeira, pensei atravessá-la para ir à Torre mas comecei a sentir medo das alturas e inquieta para sair dali. Estava visto. Da parte de fora do Castelo, uma frase de Alexandre Herculano chamou-me a atenção “A Língua Portuguesa é a Minha Pátria”. Pois; agora passa a ser o acordo ortográfico…

Voltámos para o carro que ficara no largo, agradável, com as suas casas em redor.

Era chegado o momento de visitar o centro histórico e de almoçar.

Foi fácil encontrar o centro. Os carros não podiam entrar e o Jorge e eu fomos indo a pé a partir de uma rua onde estacionei.

Há cidades que têm mais e mais imobiliárias. Ali o que vi foram muitas sapatarias. E pastelarias. Estivesse eu à procura de alguma não encontrava.

Embrenhámo-nos pelo centro histórico. Gosto imenso destes lugares e este não foi excepção. A excepção foi eu não ter um guia que me indicasse e tive muita pena por isso. Se bem que no canto de um largo houvesse um mapa, tivemos de correr dali tal era o cheiro de urinol público.

Encontrei um largo com uma igreja magnífica e em redor as casas simplesmente lindas. Tirei fotos mas lamentavelmente continuo sem saber os nomes (que vergonha!). Noutro largo logo a seguir estavam casinhas com varandas cheias de flores e as janelas e portas do primeiro andar muito pitorescas pela sua assimetria, a parecerem cair para um lado. Os lugares para almoçar não nos foram apelativos. Como o Jorge me dissera que no Minho se come muito bem (e fui casada com um minhoto), eu queria comer bem. Estranhamente, nada de encontrarmos restaurante. Lá está a falta de guia novamente. A determinada altura, já a conduzir encontrei uma tabuleta que dizia “Restaurante pitoresco” mas como não podia inverter a marcha , tentei à frente e nunca mais encontrei o referido. Já o Jorge falava em centro comercial. “’Pera lá querido. Não vim a Guimarães para comer num centro comercial!” Muito bem, mais uma voltinha, desta vez já depois das 13 horas podia entrar-se no centro histórico de carro, demos ali uma volta.

O Jorge propunha voltarmos para o Porto e comermos aqui. Mas eu tinha cismado com a gastronomia do Minho! Propus “Encontrei umas tabuletas em direcção a Famalicão e a Fafe, vamos pela Nacional e ver o que encontramos”. A fome já se fazia sentir (eu acho que até estava vesga). Mas essa é outra coisa que eu e o Jorge reconhecemos na nossa relação, acabamos por rir de situações estranhas. A caminho de Fafe, vimos “Hotel e Restaurante” “tal”( não vou dizer nomes, como nunca o faço excepto quando for para elogiar ou louvar). Antes de lá chegarmos diz o Jorge “Vamos em frente que eu não gosto do aspecto” (Garanto que o aspecto nada tinha para não se gostar). Desatei a rir “Numa situação destas ainda nos damos ao luxo de ver se gostamos do aspecto exterior ou não”. E indo em frente. Já em Fafe, havia outro Hotel e Restaurante do Comfort Inn. Bom aspecto por fora tinha, mas nem eu nem o meu marido temos a melhor das impressões de restaurantes deste tipo. De modo que em frente. Até que chegámos a um lugar que finalmente dizia “Restaurante” (X). É estacionar e entrar que já são 14h30m. Sentámo-nos e, bem, é aquele tipo de restaurante em que famílias com as suas crianças vão almoçar ao Domingo, onde há uma grande algazarra, o pai que tenta mostrar as proezas e habilidades da menina, o miúdo reguila e muito giro que me acena. As senhoras com roupa de Domingo que ainda cheira a naftalina e um senhor de socos pretos e meias brancas. De tudo. A ementa, fraquinha. Havia cozido à Portuguesa que foi a minha escolha e o Jorge escolheu um bife grelhado que eu pedi logo bem passado e sem ovo estrelado.

O cozido era sofrível. Muito diferente do dos Açores que é riquíssimo com a batata-doce, o inhame, os vários tipos de chouriço, o repolho. Tudo coisas que senti falta neste que tinha um bom tempero mas apenas batata inglesa ou batata da terra (como designamos nos Açores), couve (que eu geralmente não uso no cozido), um tipo de chouriço agradável, orelha muito limpa e saborosa de porco maduro e carne de vaca gorda. Havia arroz branco (na minha casa é feito com água do cozido pela minha mãe e é uma delícia). Comentei que o Cozido à Portuguesa” é um prato extremamente variável e até acho que não é um prato, mas vários, dependendo de cada região e daquilo que ela tem de mais abundante. Bem, mas Paula, não estás nos Açores, o arroz não foi feito pela tua mãe, estavas cheiíssima de fome e tivesses trazido um roteiro ou pelo menos algumas indicações… e o GPS, já que o compraste. Por isso, arranja-te! Isso dizia a mim própria. Sobremesa? Nem pensar!

Quanto ao bife do Jorge era simplesmente enorme (que tamanho têm as vacas aqui???) e ele diz que estava saboroso, se bem que algumas partes mal passadas, que o impeço logo de comer. Uma coisa que noto com agrado aqui no Norte é que nos restaurantes as batatas geralmente não são pré-fritas. Não sou apreciadora de batatas fritas mas então aquelas pré-fritas plastificadas são abomináveis.

Depois, já perto de casa comprei um Calipo de Limão, o primeiro deste Verão, que muito aprecio. A conta foi o mais agradável: 15 euros.

Voltámos para o Porto. Eu tenho uma dificuldade em auto-estradas, vias rápidas e afins: um sono tremendo. Depois de almoçar, ainda mais. Vinha um automóvel vermelho à minha frente que até me estava a hipnotizar. O sol, fortíssimo, levou a que o Jorge me fosse untando com protector solar.

De repente, à entrada do Porto, o céu muito nublado e o tempo fresco. Que alívio tão grande! E diz-me o Jorge “Estou a sentir-me muito bem. Vamos até à Afurada?” Claro! Gosto imenso daquele passeio e fizemos tudo desde a Foz de Gaia, passando por toda a zona Ribeirinha, eu com esperança de encontrar Farturas pois agora o Jorge já as pode comer. A quantidade de restaurantes com óptimo aspecto que encontrámos!!! Atravessámos a Ponte D. Luís, virámos à direita para fazer toda a circunvalação até casa.

Entrei em casa completamente espapaçada. Quem tem Lúpus sabe a que cansaço me refiro. O Jorge bem mais fresco que eu, graças a Deus. Deitei-me e dormi. Quando acordei reparei que tinha ficado sem bateria e possivelmente as pessoas não tinham conseguido contactar comigo.

Mas estamos bem… cansada mas bem!

P.S. - A foto foi tirada na porta do Castelo de Guimarães. Estava extremamente feliz para recuperação do Jorge (nota de hoje, dia 19 de Junho de 2010)

Sem comentários:

Enviar um comentário