Nós

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sábado, 19 de junho de 2010

Now you see me, now you don't - 14 de Setembro de 2008

CASTRO LABOREIRO Quando o médico disse que teríamos de ficar mais tempo, o Jorge achou que iríamos conhecer (quer dizer, eu) finalmente o Gerês, onde já há 15 anos ele fora passear com a sua ex-mulher. Mas o meu marido deve andar confuso na geografia. Primeiro marcou para Monção. Depois, ao dar que não é ali, por sugestão minha, para Castro Laboreiro, um sítio que de acordo com os manuais que comprei, gostaria de conhecer. A caminho de lá, o Jorge reparou que não estava a ir para o Gerês que conhecia e começou a ficar agitado. Eu adorei o caminho. Não tirei quase fotos porque o meu marido quando resolve andar sempre, anda mesmo. E porque eu tinha a bexiga cheia e queria chegar a um sítio onde pudesse satisfazer a minha necessidade humana básica. Chegámos à Vila que fica perdida nos montes. Tão perdida que não tem rede de Vodafone. Só TMN. No centro, várias albergarias e restaurantes, estes com menus de me babar. O Hotel, Hotel Castrum Vilae, uma maravilha. Julgo que os donos devem ser imigrantes e, pela decoração, não me admiraria se fossem imigrantes nos EUA. O que para mim é muito confortável. Estávamos tão cansados que, após satisfazer a minha necessidade humana básica acima referida, deitei-me e dormi como não dormia há muito tempo. Com sonhos cor de rosa, cheios de amigos, livros e comida deliciosa. Acordei pelas 17:30 e fomos dar uma volta. As casas, a arquitectura, os montes, o azul intenso do céu, fascinaram-me. Estava frio, para o que estou habituada. Não sei quantos graus, mas a atmosfera fazia-me lembrar Novembro nos Açores. Fui ao Posto de Turismo e percebi que as pessoas têm uma forma de falar algo diferente. Vi o cão, pastor do Castro Laboreiro. Muito interessante. As senhoras vestidas de preto porque os maridos estão imigrados. Tal como na freguesia dos Arrifes há coisa de 40 anos – se é ainda hoje ignoro mas quando era miúda e passava férias lá, era isso que via. Pareciam viúvas mas “apenas” tinham os maridos imigrados. Dirigimo-nos ao museu da Vila. Senti-me roubada porque efectivamente o que é suposto ser um Museu etnográfico tem umas maquetes, umas alfaias antigas e computadores a explicarem coisas. O mais interessante é mesmo a reconstituição de uma casa castreja. Interessante se bem que deprimente. Fico sempre sem saber como viveriam as pessoas com tanta falta de comodidade. Mas era gente rija, por certo. Soube do movimento algo nómada da população, de Inverno nas Invernarias (3 meses) e o resto do ano nas brandas. Mas é a raiz primitiva da zona, uma das mais ricas da Península Ibérica com dólmenes e resquícios de até cultura celta que me fascinou. Quando dei por mim não tinha a máquina fotográfica comigo e uma vez mais não tirei fotos. Algo não me queria naquela vila??? Mas a minha atracção por ela era enorme! Fomos para jantar nos tais restaurantes que eu vira à chegada. Ficámos a saber que não há caixas Multibanco públicas mas alguns restaurantes têm. Contudo, à moda espanhola, começam a servir refeições às 19:30. Faltavam 45 minutos e o Jorge disse que comíamos no Hotel. Eu ainda levei o pijama por baixo da roupa mas ele tinha frio. Mesmo sendo o Hotel bastante bom, a ementa do seu restaurante é limitada e cara. Mas o costeletão que se derretia na boca e era para duas pessoas, estava uma delícia. A seguir quarto, ler o livro “Ecos de Castro Laboreiro”, um livro que comprei logo para saber mais da terra. Fomos planeando o que fazer hoje – ir conhecer Melgaço e, de regresso a casa amanha, pelo afamado Gerês. Mas o meu marido acordou-me com tipo uma birra de criança malcriada. Não queria ficar mais ali. Fomos tomar o pequeno-almoço. Para um hotel de 3 estrelas o pequeno-almoço é magnífico. Não quis comer. Com simpatia, a senhora aconselhou-lhe um chá. Nem já me apetecia comer nada a mim também. Malas feitas e viemos embora. Vim eu a conduzir. Finalmente rumos a Terras do Bouro. O que passei é muito bonito mas o Gerês deve ser bem mais do que aquilo que vi. Acabámos por só parar para comer não sei onde, sequer, à saída de Braga para os lados de Famalicão. Óptimo aspecto, óptima comida.

Há 9 meses que luto com a angústia da doença do Jorge. É ele que a tem mas apenas depois do tratamento no IPO se sente doente. E eu sei o que é, o que não é, o que pode vir a ser. E estou a rebentar pelas costuras. Lavo, passo, cozinho. Ei gente! Sou gente!!! Chegámos a casa, enfiei-me na cama estourada a dormir – não tive sonhos bons. Ele foi para o sofá. Para quem quer ir embora dia 17, não sei não. Ele tem de se ajudar e não o está a fazer e, sinceramente, eu hoje não consigo lutar pelos dois como tenho feito. Se eu pudesse ía para o tal Gerês, a parte mais alta e gritava como uma louca – porque me sinto a enlouquecer.

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