Nós

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sábado, 3 de julho de 2010

30 de Junho de 2010




Enquanto me preparo para ir buscar o meu carro, o Jorge telefona-me.
Falou com o médico dele que diz que as Plaquetas estão a 32 (uma descida de 20), a Hemoglobina desceu um pouco e os Neutrófilos estão normais (destes, não disse valores). O médico atribui estes valores às transfusões “até ver”. Por conseguinte diz que se evitarão transfusões e injecção que induzem produção da série branca. Parece-me muito correcto pois assim vê-se o potencial da medula enquanto se evita que fique ainda mais preguiçosa.
Fomos buscar o meu automóvel.
Dirigi-me à sede do transitário que me enviou para o Porto de Leixões. Mas, enquanto eu tinha de sair por uma parte do porto, a Verónica e o Diogo no carro de aluguer tiveram de sair por outra. Resumindo e concluindo: eu saí perto do aeroporto e só Deus sabe onde eles saíram. Enganaram-se e foram ter a Gaia. O Diogo telefona-me e eu disse que encostassem assim que pudessem. Encostaram nos Bombeiros de Valadares! Procurei no GPS e, Valadares, apareceu-me mais de meia dúzia. Seleccionei Valadares (Gaia), depois Bombeiros e deu-me uma distância de 40 e tal quilómetros. Não podia ser. Cheguei até onde conheço e, depois, como “quem tem boca vai a Roma”, fui perguntando e cheguei.
Voltámos para o Porto, eu com olho na estrada, no GPS e no carro deles atrás de mim. Por três vezes ía ficando debaixo de camiões. Às 14h30m estava e entregar o carro de aluguer mas tive de pagar mais 1 dia porque era até às 10 da manhã. A funcionária ainda perguntou se eu queria ficar com ele mais um dia mas nem pensar. Um já me chega para dar dor de cabeça.
Fomos então ao Mar Shopping porque precisávamos almoçar e porque tem Jumbo onde há muitos artigos adequados para o Jorge: bolachinhas em pacotes individuais, fruta enlatada em latinhas pequeninas, além de que gostamos muito dos produtos. Mas primeiro fomos almoçar.
Eu estava tão esgotada e enervada da viagem a Valadares que só me apetecia ir ao cinema para rir um pouco. Mas o único filme que me interessava - Marmaduke - estava a começar e ainda não almoçáramos.
Precisei de ir à casa de banho e como a das senhoras estava em limpeza e vi sair uma senhora da dos deficientes, entrei nesta. Ainda estou para saber como uma pessoa portadora de deficiência se senta naquela sanita; é altíssima. Mas a cereja em cima do bolo foi quando abri (quer dizer, tentei abrir) a porta para sair. Não abria; o fecho rodava, rodava e não destrancava. Pego no telemóvel para ligar ao Diogo e dá-me a mensagem de falta de rede. Entrei em pânico. Bati e bati, chegaram as senhoras que estavam a fazer limpeza ao lado, tentavam abrir a porta e nada. Eu estava a sentir-me desmaiar mas uma das senhoras mantinha-se sempre a falar comigo. E eu gritava “Quero o meu filho”. Durou uns 10 minutos de aflição até se conseguir abrir a porta. A senhora mais atenciosa que estava sempre a falar comigo sentou-me e pôs-me água na cara. O que eu tremia! É que tenho claustrofobia e aquela casa de banho tornou-se um bunker, sem janela, sem nada. O segurança explicou-me onde ficava o alarme. Bem, espero não voltar a precisar, até porque não conto entrar mais naquele tipo de casa de banho.
Quando cheguei perto do Diogo e da Verónica, ele disse-me que estavam a tentar telefonar-me porque acharam muita demora. Contei o que me aconteceu; há dias em que acontece de tudo!
Escolhi comer do Vitaminas pois precisava de comida saudável e sumo natural. Mas cada vez que tentava comer desatava à gargalhada a pensar na expressão das senhoras quando viram quem gritava “Quero o meu filho!” A gargalhada também devia ser a descontrair mas era de tal modo que o Diogo e a Verónica não se aguentavam nem as pessoas mais perto. Ó doideira!
Cheguei perto do Jorge já pelas 17 horas. O local de acesso venoso tinha mudado (até hoje foi sempre o mesmo). A televisão estava fechada e o companheiro de quarto estava mal.
O Jorge fez download de jogos para ficar no pc.
E enfermeira Garcia veio acenar-me e perguntar se precisava de alguma coisa. É sempre uma querida!
Fui para casa “completamente rota”. Deitei-me no sofá pois não aguentava nada. O Diogo foi fazer canja e esteve a massajar-me o ombro e o braço. Depois lavou a loiça. Voltei a ter muitas dores no braço e no ombro esquerdo. Deve ter sido das pancadas malucas que dei na porta.
Ainda estive um pouco com a Belém e a Leonor e fui para a cama assim que acabou a novela “Sentimentos” e mesmo assim já estava de olhos fechados.
Faz hoje 2 anos que o Jorge teve alta… E eu estava em estado de graça.

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