Nós

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sábado, 18 de junho de 2011

18 de Junho de 2011 – 1 ano depois






Faz hoje 1 ano que o Jorge foi internado no IPO para o 2º ATG. Amanhã fará 1 ano que começou o tratamento.
Num ano passa-se tanta coisa!
O Jorge mantém-se muito bem, graças a Deus, os valores hematológicos estáveis, sendo que as últimas análises (Açores) têm mostrado os seguintes valores:
2-2-2011:
Hemoglobina – 13.3
Eritrócitos – 4.19
Leucócitos – 3.7
Neutrófilos – 79
Plaquetas - 142

16-3-2011:
Hemoglobina – 14.3
Eritrócitos – 4.23
Leucócitos – 4.4
Neutrófilos – 63
Plaquetas - 145

13-4-2011:
Hemoglobina – 13.5
Eritrócitos – 4.21
Leucócitos – 4.2
Neutrófilos – 57
Plaquetas – 151

Estamos a ir à consulta ao Porto com intervalos de 3 meses. Lá os valores são sempre mais baixos mas tem a ver com a diferença de máquinas. As oscilações são normais como em qualquer pessoa. Por exemplo, nas últimas análises acima os valores dos neutrófilos estavam mais baixos, porque sendo um valor percentual, os linfócitos estavam mais elevados uma vez que ele estava constipado (os linfócitos aumentam nas viroses). Foi aliás a primeira virose, muito ligeira, que ele teve desde o início do primeiro tratamento.
Na última consulta no Porto falei com o médico dele sobre o desmame da ciclosporina só ser feito após 1 ano de valores estáveis e o que ele respondeu foi que nem se vai ligar a isso. Também, graças a Deus, a função renal está bem e, enquanto tal, mantém a ciclosporina. E ouvir isto foi um grande alívio para mim. Tão grande que me “dei ao luxo” de ir abaixo psicologicamente. Foi assim como um baixar braços de alívio sem necessidade de estar sempre alerta. Mas comecei com crises de ansiedade e de pânico contínuas. Nesse aspecto não tem sido fácil mas também espero que seja uma fase de adaptação.
Entretanto, voltámos a Punta Cana. Foi a nossa 3ª vez e não espero voltar à República Dominicana – a Punta Cana não mesmo. Não faz qualquer sentido. Mas a promoção era muito boa (para o Paradisus, que nem eu nem o Jorge tirávamos da cabeça). Com o Diogo iria e nunca fora às Caraíbas, então fomos mas o Hotel foi uma brutal desilusão – quem ler sobre o que o próprio diz ter, é tudo mentira. Daí mudámos para o Iberostar com upgrade para o Bávaro, num preço muito bom. Mas tivemos de pagar para alterar a viagem e aí, bem, foi uma saga. Porque na primeira noite, dormia eu tão bem no magnífico hotel, o Jorge acordou-me às 5 da manhã a dizer que não tinha ciclosporina para o prolongamento. Foi mesmo uma saga! Um dia inteiro de procura do medicamento no país, acabei por o encontrar e pagar 4 vezes mais o seu preço. Mas ou era isso ou era pagar de novo para mudar a viagem (e vir na inicialmente marcada) ou o Jorge vir sozinho. Acabámos por resolver tudo a um preço mais elevado que o esperado e com um stress desnecessário se ele não contasse tudo pelos limites. De qualquer modo, deu para descansar a cabeça – o corpo não que fiz uma micro-ruptura num ligamento do joelho. Estou em tratamento mas está quase bom.
Enfim, 1 ano depois, estão as cicatrizes, talvez algumas feridas – quando faz análises ele ainda fica nervosíssimo para saber os resultados. A nuvem de uma recaída ainda paira sobre nós, mas eu sinto-a mais leve. O Jorge, eu acho que é um herói da forma como encara toda a situação. Na 2ª feira vai fazer uma prova de sono, mas com o tratamento da psiquiatra está muito melhor porque passou uma fase de aflições e pânico que estava a ser complicada para os dois.
Mas a mensagem principal que eu quero deixar é que esta deixou mesmo de ser a doença horrível que era há 20 anos. Vive-se com ela e vive-se relativamente bem. O Jorge continua a cansar-se muito, tem invalidez de 60% mas o importante, o mais importante de tudo, é que deixou de ser uma doença fatal.
Claro que, entretanto, continuarão a encontrar-se formas de tratamento para doenças hematológicas pesadas. Sem dúvida. A investigação científica continua neste aspecto. E a esperança vai aumentando para todos que as enfrentam. E é nesta esperança que temos todos de assentar a nossa vida.

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